domingo, 28 de setembro de 2014

Salário pastoral: uma breve reflexão...


Coletei algumas impressões com amigos de dentro e fora de nosso Estado, de diversas denominações. Ora, quando os encontro ao vivo e online (uma excelente oportunidade para quem sabe aproveitar) falamos sobre tudo, o cardápio é variado. Numa dessas conversas veio à tona a questão do salário pastoral, ou prebenda como querem alguns, sustento ainda outros. Por incrível que pareça, como nas empresas, atrair e reter talentos é fundamental. Nada de pragmatismo, sindicalismo pastoral, mercantilização da fé, etc, nós, obreiros de verdade, não somos profissionais, como diz o John Piper. Por sinal um livro excelente para nossos dias.

Não vou discutir a pertinência da recompensa financeira. Aliás, é assunto bíblico mas não vamos enfileirar versículos, para uma pessoa mais ou menos arguta basta-nos Lucas 10:4-8, Gálatas 6:6, I Timóteo 5:17,18. Ok? A questão que desenrolo é outra: como diversas Igrejas estão remunerando seus obreiros?

É impossível falar deste assunto sem começar em casa. A Assembleia de Deus nasceu como uma igreja comunitária. Todos faziam tudo de graça. O máximo que se garantia era aos pastores presidentes uma casa pastoral e algum sustento. Vivi essa realidade quando o meu avô pastoreou igrejas por mais de quarenta anos. Ao deixar aquele campo/cidade/localidade o obreiro não levava pouco mais que seu carro e família. Isso se ele tivesse se preocupado em adquirir um. Os obreiros mais centrais tinham dedicação exclusiva. E isso justificava seu ganho.

Ocorre que o perfil das igrejas vai mudando. As exigências do mundo contemporâneo ensejou para muitos ministérios a remuneração de todos obreiros. A Igreja o Brasil para Cristo garante, em estatuto, 40% do bruto para as despesas de cada congregação, prebenda inclusa. Se o obreiro tiver olho grande, come tudo, do contrário investe em novas instalações e melhora o rendimento. Pode não ser a melhor opção, mas qual a alternativa? E acrescentemos que foi uma igreja nascida a partir da nossa e tem bem menos anos, portanto, menos congregações.

Infelizmente, esta é mais uma nódoa da gestão da CGADB. Como fruto da ausência de governança corporativa na entidade há verdadeiros nababos e paupérrimos pastores. Conheci histórias de obreiros prazerosos na Obra que vivem pendurados em dívidas decorrentes de períodos de desemprego e desenvolvimento de atividades sazonais como pedreiros e carpinteiros. Mesmo sabendo que cada realidade impõe uma decisão e que há tantas distorções na gerência financeira das igrejas, nada custava à entidade sugerir regras de sustento nacionais. Teríamos ao menos um referencial.

Por outro lado, pasmem vocês! conheci de perto uma região de nosso País, onde os pastores assembleianos mais velhos e mais cansados põem outros em seu lugar, cobrando comissão. Tipo: te dou o campo de tal cidade, você pastoreia e administra e me repassa um percentual.

Como dentre os dez leitores do blog há pessoas de outras denominações, em geral, as congregações assembleianas são agrupadas em áreas ou campos. Recentemente, em conversa pessoal soube de determinada convenção que permite até 80% de retenção das ofertas para reinvestimento na área/campo. O pastor da área/campo decide como fazer a divisão dos valores. Se for sábio fará a mesma divisão proposta acima. Mais investimento = novas igrejas = mais rendimento. Na Igreja Batista e outras do modelo congregacional o salário é determinado pelo colegiado de irmãos, a partir da proposta do pastor.

Outra grande questão que se impõe é que grandes e organizadas igrejas já não falam mais de sustento. Há a preocupação com a aposentadoria, plano de saúde, troca periódica de automóvel, investimento intelectual para os obreiros. Sem querer ser corporativista, não há outro horizonte possível se os queremos ter disponíveis, preparados e motivados para fazer o trabalho do Senhor! Outras igreja, menos organizadas, preferem a contingência, que sempre cobra mais caro. Um obreiro aposentado com salário digno (ou ao menos sem depender da Igreja) é algo que enobrece a gestão eclesiástica.

Cada vez mais se impõe a necessidade de remunerar adequadamente os obreiros das congregações, áreas, campos ou que nome se dê. Há uma grande necessidade de atender às demandas das ovelhas. E o hercúleo trabalho pastoral exige tempo e dedicação. (In)Felizmente tal obreiro também tem suas necessidades, que não podem ser reféns de decisões pontuais.

sábado, 27 de setembro de 2014

A síndrome de Babel



Leiamos Salmos 137:1-4:
1 Às margens dos rios de Babilônia, nos assentávamos chorando, lembrando-nos de Sião. 2 Nos salgueiros daquela terra, pendurávamos, então, as nossas harpas, 3 porque aqueles que nos tinham deportado pediam-nos um cântico. Nossos opressores exigiam de nós um hino de alegria: Cantai-nos um dos cânticos de Sião. 4 Como poderíamos nós cantar um cântico do Senhor em terra estranha?
Síndrome. sf (gr syndromé) 1 Conjunto de sintomas que se apresentam numa doença e que a caracterizam. 2 Grupo de coisas concorrentes. 3 Concorrência de condições e resultados; conjuntura: síndrome social, econômica, política.

Uma síndrome é alguma disfunção social manifestada de modo generalizado. A síndrome de Babel é uma disfunção na área do louvor e apresenta entre outras características:

1) Antropocentrismo

Baseado no homem, para a glória dele, para massagear seu ego. Hinos os mais diversos com a letra que prioriza a benção, a vitória, o esmagamento do inimigo, em detrimento da glória de Deus e da gratidão cristã. O que dizer, por exemplo, de trechos como:
Você é um escolhido
E a tua história não acaba aqui
Você pode estar chorando agora
Mas amanhã você irá sorrir.
Quem te viu passar na prova
E não te ajudou
Quando ver você na benção
Vão se arrepender
Vai estar entre a platéia
E você no palco
Vai olhar e ver
Jesus brilhando em você
O problema do antropocentrismo não é apenas porque massageia o ego do ouvinte é porque coloca Deus em segundo plano (Salmos 29:9), nos tornando egoístas e auto-suficientes.

Quantos hinos não há que passam a impressão de que Deus teria obrigação de nos abençoar? Vejamos o seguinte trecho:
Lembra Senhor,
Juraste o Teu amor
E nada pode mudar o que sentes por mim
Nem os meus pecados
Façamos uma ressalva aqui para determinados irmãos que acham que sacros mesmo são os hinos da Harpa. Da mesma maneira que Deus inspirou Frida Vingren e seu maravilhoso "Se Cristo comigo vai eu irei e não temerei", inspirou Marco Aurélio em "Para te adorar, para te exaltar".

2) Desconexão da Igreja

Não importa o tipo de culto, seu objetivo, sua liturgia. É o cantar por cantar, aproveitar a oportunidade. Lutero dizia que o hino é um sermão cantado, enquanto temos certo critério com as pregações (se bem que estão seguindo a mesma tendência), nada filtramos dos hinos.

Parte do problema é que os músicos e grupos por vezes não percebem que são indutores da adoração. São eles que levam a Igreja aos braços de Deus, para glorificar e exaltar o seu nome.

Quando apenas cumprimos nosso compromisso com o grupo não temos tal preocupação. Queremos apenas cumprir tabela, aparecer e como cometas cair num limbo distante do Universo do culto. Acabamos famosos como músicos e anulados como crentes.

Quem nunca viu músicos que se retiram após a execução do seu hino? Note o hino é dele ou do grupo dele! Quantas vezes os componentes de determinado grupo só vão aos trabalhos da Igreja quando o grupo forma? Ele não é parte da Igreja, mas sua Igreja é o grupo.

3) Ritualismo

Não transforma, não salga, não se diferencia. Existe a música como impressão e como expressão, como diz o prezado Pr. Marcelo Oliveira. A primeira impressiona os homens pela qualidade dos músicos, pela voz. É pura, desejável e idealisticamente técnica. Ela visa despertar apenas um sentimento e não comunicar uma mensagem. A segunda é aquela que expressa a glória de Deus, é aquela que dá toda honra, glória, poder, sabedoria, domínio a ELE - Rei dos Reis!

4) Profissionalismo e mercantilismo

Infelizmente, este é um debate maior que nossos templos. Quando havia humildade em nossas igrejas tudo era feito de maneira gratuita, pois o alvo maior era comunitário. Hoje temos pregadores analisando os argumentos de grandes mestres do marketing e cantores analisando os trejeitos dos grandes astros da música. O resultado é uma música plastificada e embalada para consumo, não tem sabor, não tem espiritualidade, só consome o escasso tempo do culto, quando não os suados dízimos e ofertas dos irmãos, em cachês absurdos.

Leia algo sobre os valores dos cachês aqui.

terça-feira, 23 de setembro de 2014

O Espírito Santo, esse missionário!

*Ronaldo Lidório

A igreja de Cristo jamais cresceu tanto como em nossos dias. Apesar das heresias, sincretismo e nominalismo presentes em diversas partes do mundo – e no Brasil – é impressionante ver que nações antes resistentes ao evangelho – como a Índia, China e Filipinas – hoje abrigam uma forte igreja nacional e tornam-se exportadores de missionários para o mundo. As atenções em época de crescimento da igreja voltam-se para a própria igreja e para a mensagem que ela prega: o evangelho de Cristo. Gostaria de destacar a pessoa e a missão do Espírito Santo neste processo de edificar a igreja e espalhar o evangelho ao mundo.

Em Lucas 24, Jesus promete nos enviar um consolador – o Espírito Santo – que viria sobre a igreja em Atos 2 de forma mais permanente. Ali a igreja seria revestida de poder. O termo grego utilizado para “consolador” é “parakletos”, que literalmente significa “estar ao lado” ou “acompanhar”. É um termo composto por duas partículas: a preposição “para” (ao lado de) e “kletos” do verbo “kaleo”, que significa “chamar”. O Espírito Santo foi enviado à igreja para acompanhá-la no cumprimento da vontade de Deus. Ele trabalha para tornar a igreja mais parecida com seu Senhor e fazer o nome de Jesus, o Senhor da igreja, conhecido na terra.

Cremos que é o Espírito Santo quem convence o homem do seu pecado. O homem sabe que é pecador, porém, apenas com a intervenção do Espírito ele passa a se sentir perdido e com sede de Deus. Há uma clara e funcional diferença entre sentir-se pecador e perdido. Nem todo homem convicto de seu pecado possui a consciência de que está perdido e, portanto, necessitado de redenção. Se o Espírito Santo não o convencer do pecado e do juízo, nossa exposição da verdade de Cristo não passará de mera apologia humana.

A igreja plantada mais rapidamente em todo o Novo Testamento foi iniciada por Paulo e seus amigos em Tessalônica. Ali, o apóstolo pregava a Palavra aos sábados nas sinagogas e durante a semana na praça. Assim ele fez por três semanas até nascer a igreja local. Em 1 Ts 1.5, Paulo diz que o nosso Evangelho não chegou até eles tão somente em palavra (“logia”, palavra humana) mas sobretudo em poder (“dynamis”, poder de Deus), no Espírito Santo e em plena convicção (“pleroforia”, convicção de que estamos na vontade de Deus).

O Espírito Santo é destacado aqui como um dos três elementos que iniciou a igreja em Tessalônica. Sua função na conversão dos perdidos é conduzir o homem à convicção de que é pecador e necessita de Deus, despertando neste homem a sede pelo Evangelho e atraindo-o a Jesus. Sem a ação do Espírito Santo, a evangelização não passaria de mera comunicação humana, explicações espirituais, palavras lançadas ao vento, sem público, sem conversões, sem transformação. A ação da igreja produz adesão; a ação do Espírito santo produz transformação.

Francis Shaeffer nos diz que podemos convencer o homem de que ele é moralmente imperfeito (portanto, pecador), mas apenas o Espírito Santo pode convencê-lo de que está perdido e precisa de Deus.

Se observarmos os ciclos de avivamentos perceberemos também que a explosão da proclamação da Palavra se torna uma consequência natural da ação do Espírito Santo.

Frutos de avivamentos, homens e mulheres foram usados por Deus para que Jesus se tornasse conhecido nos lugares mais improváveis. A primeira explosão missionária é registrada em Atos 2 quando a igreja, cheia do Espírito Santo, vai para as ruas e proclama a Cristo. Pessoas de 14 diferentes línguas ouvem e entregam suas vidas a Jesus. Ao longo da história, o Espírito Santo também tem despertado a igreja de Cristo a sair de suas paredes e lançar o evangelho longe, aos que ainda pouco ou nada ouviram. A principal marca destes avivamentos não é a euforia humana ou o crescimento da igreja, mas vidas sendo verdadeiramente transformadas pela pregação da Palavra.

Fruto de um avivamento, a partir de 1730, John Wesley pregou durante 50 anos cerca de três sermões por dia, a maior parte ao ar livre, tendo percorrido 175 mil quilômetros a cavalo. Pregou 40 mil sermões ao longo de sua vida.

Fruto de um avivamento, em 1727, a igreja moraviana passou a enviar missionários para todo o mundo conhecido da época e em cem anos chegou a enviar mais de 3.600 missionários para diversos países.

Fruto de um avivamento, em 1784, após ler a biografia do missionário David Brainard, o estudante Wiliam Carey foi chamado por Deus para evangelizar os indianos. Após uma vida de trabalho, conseguiu traduzir a Palavra de Deus para mais de 20 línguas locais, plantou dezenas de igrejas e fundou mais de 100 escolas. Sua influência permanece ainda hoje.

Fruto de um avivamento, em 1806, Adoniram Judson teve uma forte experiência com Deus e se propôs a servir a Cristo, indo depois para a Birmânia, onde foi encarcerado e perseguido durante anos, mas deixou aquele país com 63 igrejas plantadas e mais de 200 líderes locais.

Fruto de um avivamento, em 1882, Moody pregou na Universidade de Cambridge, sete homens se dispuseram ao Senhor para a obra missionária e impactaram o mundo da época. Foram chamados “os sete de Cambridge” e nesse grupo estava Charles Studd (sua biografia publicada no Brasil foi intitulada “O homem que obedecia”). Ele foi para a África, percorreu dezenas de países e pregou o Evangelho a mais de meio milhão de pessoas. Fundou a WEC International (em português, AMEM: A Missão de Evangelização Mundial) que conta hoje com mais de dois mil missionários em 70 países no mundo.

Fruto de um avivamento, em 1855, Deus falou ao coração de um jovem franzino e não muito saudável que se dispusesse ao trabalho transcultural em um país “idólatra e selvagem”. Vários irmãos de sua igreja tentavam dissuadi-lo dizendo: “para que ir tão longe se aqui na América do Norte há tanto o que fazer?”. Ele preferiu ouvir a Deus e foi. Seu nome é Simonton (1833-1867). Ele veio ao nosso país e fundou a Igreja Presbiteriana do Brasil.

Fruto de um avivamento, em 1950, no Wheaton College cerca de 500 jovens foram chamados para a obra missionária ao redor do mundo. E obedeceram. Dentre eles estava Jim Elliot que foi morto tentando alcançar a tribo Auca na Amazônia em 1956. A partir de seu martírio houve um grande avanço missionário em todo o mundo indígena, sobretudo no Equador. Outro que ali também se dispôs para a obra missionária foi o Dr. Russel Shedd que é tremendamente usado por Deus em nosso país até o dia de hoje.

Há uma nítida ligação entre avivamentos históricos – com claras ações do Espírito Santo na santificação e despertamento da igreja para a Palavra e para a missão – e a expansão do Evangelho aos de perto e de longe. À medida que nos enchemos do Espírito, pensamos nas coisas do Alto, amamos a Palavra, desejamos abraçar as causas de Cristo e somos tomados por um desejo ardente de usar nossa vida, dons, talentos, recursos e oportunidades para servir ao Cordeiro Jesus. Avivamentos não são definidos por manifestações sobrenaturais, mas sim por um desejo profundo de entregar a vida – toda a vida – para servir a Cristo. E esta é tão somente uma ação do Espírito Santo.

* Ronaldo Lidório é missionário da Igreja Presbiteriana

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Promoção CPAD Digital

Promoção de primeira. Lições Bíblicas do Mestre em formato digital. Você acessa todo o conteúdo da lição, pode adicionar comentários, formatar apresentações e transmitir muito mais ensinamento. Assinatura de R$ 48,93 por dois anos. Ou seja, oito trimestres. Ainda tem um cadastrador de alunos e diversos recursos para auxiliar o professor e o aluno. Disponível para desktops, Android e iOS. Cada licença dá direito de usar o aplicativo em até 5 equipamentos diferentes.



quarta-feira, 17 de setembro de 2014

terça-feira, 16 de setembro de 2014

Enquanto isso o investimento em programas evangélicos televisivos...

Leio no Blog do amigo Juber Donizete (atenção para o parágrafo em azul):
Embora muitas igrejas evangélicas ainda não tenham se engajado totalmente no mundo moderno, cada vez mais virtual e interativo, as seitas parecem ter despertado para o alcance das mídias eletrônicas. Pouco tempo após os mórmons terem preparado um verdadeiro “exército virtual” para evangelização online, agora são as Testemunhas de Jeová que dão um grande passo nessa direção. 
Embora em termos teológicos o que eles fazem é “proselitismo”, preferem utilizar o termo bíblico “evangelização”. Desde o início de agosto, as Testemunhas de Jeová começaram uma campanha mundial para divulgar o seu site oficial, o jw.org.
Para isso, estão distribuindo nas casas um novo folheto que tem por título “Onde Encontrar as Respostas mais Importantes da Vida?”. J. R. Brown, porta-voz da seita com sede mundial em Nova York, declarou: “Estamos muito animados com essa campanha. Existem cerca de 8 milhões de Testemunhas de Jeová em todo o mundo, e todos nós vamos falar desse site para as pessoas. Essa pode ser a maior campanha que nós já organizamos.” 
Alardeando ser o site “mais traduzido do mundo”, o jw.org está disponível em cerca de 500 idiomas, algo que nenhum outro site conseguiu até agora. Também são disponibilizadas publicações da seita para download em quase 700 idiomas. Para efeitos de comparação, o Google oferece suporte para 71 idiomas, enquanto a Wikipédia traz conteúdo em 287 traduções.
É uma iniciativa muito bem vinda. Infelizmente, muitas igrejas e ministérios grandes não enxergaram os benefícios da grande rede, enquanto jogam no lixo o dinheiro de dízimos e ofertas numa programação que ninguém assiste. Os Testemunhas de Jeová investiram num tema batido aqui e nos sites especializados: conteúdo!

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Convém a um evangélico ser esquerdista?


Antes de prosseguir vamos à origem dos termos direita e esquerda na política. A história nos ensina que os termos nasceram na Revolução Francesa, no final do século XVIII. Haviam dois grandes grupos no plenário parlamentar daquele país. À direita ficavam os defensores da burguesia e do status quo, à esquerda os defensores do povo e das conquistas sociais. No centro ficavam aqueles que não tinha posição política definida, defendendo este ou aquele posicionamento ao sabor da conveniência. A esquerda defendia o progresso das conquistas, o tabelamento de preços, a abolição da escravidão nas colônias francesas e a admissão do cidadão às decisões em todas suas instâncias.

Os sistemas políticos mundiais herdaram a nomenclatura, mas no caso do Brasil há diferenças gritantes. A esquerda brasileira é notadamente burocrática, oriunda em sua maioria de sindicatos e do funcionalismo público. Nestes termos defendem rigidamente todas as conquistas salariais e pecuniárias dos grupos que representam. O povo que lhes paga é, não raro, alvo de mal humor e desdém nos guichês de atendimento de repartições públicas. Uma das bandeiras caras aos esquerdismo brasileiro: a estabilidade funcional, é utilizada em muitos casos para a malemolência e falta de produtividade.

Quando o golpe de 1964 estabeleceu o governo militar os partidos de esquerda foram postos na clandestinidade, seus líderes foram presos ou exilados. Os que resistiram foram mortos. Porém, a maioria mortos em combate. Diversos, porém, poucos em relação à quantidade de envolvidos morreram na tortura. Frise-se que não era democracia o que queriam os grupos radicais que lutaram contra os militares, mas uma versão tupiniquim do comunismo soviético. Portanto, nada daquilo era bom para o povo, como podemos ver ainda hoje em Cuba ou China. Repressão ao livre direito de ir e vir, existência de um partido único, não teríamos, por óbvio, oposição, e ausência de iniciativa privada.

Após a redemocratização nos anos 80 e a posterior ocorrência de eleições diretas os partidos ressurgiram, se fundiram, novos foram criados. Em 2002 o poder passou a um daqueles que era tido como um partido de esquerda, o PT. Aliás, até hoje permanece tal ideário. As sucessivas denúncias de corrupção, penalizando, portanto, o trabalhador, o assalariado, os mais pobres, fizeram cair a máscara da esquerda brasileira. Os líderes se locupletaram e enriqueceram, muitos são milionários. O partido que se dizia dos trabalhadores passou a aceitar patrões em seus quadros e fazer conchavos com eles.

Outros partidos ditos de esquerda seguiram o mesmo caminho, embora sem eleger um representante presidencial, é o caso do PSB, do PV, do PDT, do PSOL.

Mas a pergunta chave aqui é um crente salvo pode ser esquerdista? Relembremos algumas premissas caras aos partidos de esquerda, em sua maioria:

  1. Controle do Estado - Todas as atividades seriam impulsionadas pelo Estado, mesmo naquilo que não é atribuição direta. O problema é que o Estado gere mal e tende a politizar as indicações. Além de desviar dinheiro do Tesouro para empresas públicas mal geridas;
  2. Repúdio ao capitalismo - A iniciativa privada é menosprezada, os EUA, que representam o consumismo por excelência, devem ser criticados nos estertores. É o grande Satã. Porém, 10 em cada 10 esquerdistas adoram o Big Mac e gostariam de passar férias na DisneyWorld, além de consumir todos os gadgets (quinquilharias tecnológicas) produzidos ou inventados naquele País;
  3. Democratização da mídia - Entenda-se como um ataque a todos os veículos de comunicação que representariam a manipulação da opinião pública. O Estado se encarregaria de produzir conteúdo e decidir o que os cidadãos assistiriam. A grande questão aqui é a crítica livre. O Estado aparelhado pela esquerda entende que a grande mídia só deve exaltar os pontos positivos da administração pública;
  4. Aumento da burocracia - Inchaço da folha de pagamento estatal, contratação crescente de funcionários públicos. A esquerda entende que a privatização dos serviços públicos é que gera a má qualidade da prestação dos mesmos. Porém, nenhum teórico de esquerda sério é capaz de explicar como sendo o Estado um mero arrecadador dará conta indefinidamente do funcionamento da máquina;
  5. Financiamento do transporte público pelo Estado - Todas as empresas de ônibus seriam estatizadas. Este foi um tema caro nos últimos protestos. Ninguém se ateve à conta que governos municipais e estaduais terão que pagar para que o transporte coletivo seja gratuito. Sem falar naqueles que podem pagar;
  6. Reforma política - Extinção do financiamento privado de campanhas e partidos. O Estado financiaria dando proporcionalidade ao tamanho das bancadas. É desnecessário analisar quais partidos seriam beneficiados com os recursos;
  7. Relaxamento moral - Um dos conceitos utilizados à exaustão é a repressão religiosa fomentada pelas igrejas. Como a esquerda tende ao ateísmo vê o relaxamento dos costumes como favorável ao seu propósito de desmerecer as igrejas;
  8. Combate à homofobia e ao racismo - Segundo os teóricos de esquerda temos mortes por racismo e homofobia no Brasil de maneira sistemática e assustadora. As estatísticas tem se mostrado fraudulentas e a violência é endêmica;
  9. Direito ao aborto - O mantra das esquerdas é que o feto não faz parte do corpo da mulher, embora dela dependa. Portanto, a mulher decide o que fazer com seu corpo. Entretanto, todos que defendem o aborto nasceram e estão vivos;
  10. Desmilitarização das polícias - Elas seriam meros fiscais do crime não podendo agir de forma ostensiva, mesmo quando atacados. Sem a reserva técnica de segurança como estaria o País?
  11. Controle da religião - Assim como ocorre em Cuba e na China o partido não pode dividir influência com outra entidade, sob pena de subverter as massas e dar margem a questionamentos.


Não gostaria de produzir uma resposta. Ainda que a esquerda esteja desfigurada no Brasil, todos os dias vemos e lemos este questionamento na grande mídia e até muitos partidos mais conhecidos mantêm em seus programas, estatutos e atas alguns ou todos temas acima. Agora mesmo a eleição tem sido pautada por alguns desses temas e se exige dos candidatos um posicionamento a respeito deles.

Gostaria que meus dez leitores pudessem expressar se a um crente salvo em Cristo convém ser esquerdista, à luz do que temos até aqui.

sábado, 13 de setembro de 2014

Impressões sobre o livro de Atos - Parte 1

Prezados, convidamos as igrejas de nossa área a ler o livro de Atos conosco, durante o mês de setembro. Paralelamente, estamos fazendo as leituras oficiais no livro, tanto aos domingos quanto na semana. Este também tem sido o assunto da doutrina e estamos fazendo perguntas e premiando os que as acertarem na EBD e na doutrina. Os dez mais bem colocados ganharão automaticamente uma caixa de chocolate e a lição do trimestre seguinte.

Gostaria de compartilhar algumas impressões em poucas linhas, pois o tempo é curto. Me considero um pensador, dos mais fraquinhos, diga-se. Gosto de fazer links com realidades opostas, raciocínios históricos, contemplações. Porém, não abro mão do aqui e agora. Sonho e busco realizar dentro das possibilidades. Aos quatorze anos tinha lido a Bíblia toda, ao longo dos anos li mais uma vez. Livros isolados, como Daniel e as cartas paulinas, dezenas de vezes. Atos, porém, exceto aquelas duas vezes, apenas trechos. É um livro singular. E vai de encontro a tudo quanto muita gente ensina. Vamos dividir em tópicos para auxiliar nossos dez leitores...

Governo da igreja

Sabemos como esse assunto é o calcanhar de Aquiles das administrações eclesiásticas do nosso tempo (eu nem o abordei em nossas doutrinas para não criar celeumas). Ao contrário do que se ensina, prevalece na Igreja de Atos o tom congregacional. Sob direção dos apóstolos os discípulos já iniciam decidindo, por voto comum, quem seria o sucessor de Judas. Não custa lembrar que o primeiro grupo tinha sido escolhido pelo próprio Jesus! Em seguida, os primeiros sete diáconos? Escolhei entre vós, homens de boa reputação..., diz o protagonista Pedro (Atos 6).

Coincidentemente, estou lendo o Mensageiro da Paz, da primeira quinzena de novembro de 1959. Lá se vão cinquenta e cinco anos... Nele o douto Pastor Alcebíades Pereira de Vasconcelos escreve:


Então, tudo aquilo que muitas pessoas no Brasil pensam como divino e biblicamente apoiável rui diante desta constatação. O padrão bíblico de governo da Igreja cristã é congregacional nos moldes batistas. Aqui e acolá nota-se a influência do Espírito Santo sobre determinadas decisões. Mas tais se apoiam num período de oração e jejum. No mais, ao contrário do judaísmo, a Igreja é democrática. É com o tempo que a feição muda e o papado se instala, arvorando-se em poder e dinheiro, como disse o escritor acima.

Humildade e comunhão

Outro matiz do quadro pintado em Atos é a humildade e a comunhão na Igreja. Todos tinham tudo comum! Que contradição temos hoje, quando não conseguimos concordar sequer em relação à cor ou modelo da farda de um orgão! Aliás, os próprios orgãos se tornaram fontes constante de discórdia em relação a si mesmos dentro das congregações. Querem ter a prevalência no tempo dos cultos, no espaço do templo, nas apresentações, etc. Pouco do que acontece no espaço dedicado a eles se assemelha à Igreja Primitiva.

Ninguém se preocupa com ninguém. Vivemos uma fase aguda de egoísmo e dissimulação. Não apenas em relação a dinheiro, mas a tudo o mais. Se fosse aplicada a regra de Ananias e Safira, sobrariam poucos crentes vivos!

Missões

Ao contrário do padrão disseminado em nossas congregações (falo de forma generalizada Brasil afora) a Igreja Primitiva não faz missão, ela é a missão. Cada crente é um missionário e tem consciência plena de que não há tempo a perder. Quando estourou a perseguição em Jerusalém (Atos 8) os dispersos iam por toda parte pregando a Palavra de Deus!

Ao contrário, porém, consolidou-se entre nós a figura incrível do preletor de evangelismo pessoal que não evangeliza. Do missionário que só prega no Exterior. Do pregador que só prega no microfone. Da ojeriza à evangelização casa a casa. Da aversão à pregação corpo a corpo. A exceção vai para... as Testemunhas de Jeová!

Simonia

A história de Elimas é um soco no estômago (Atos 8:19ss). A simonia na Igreja Primitiva é um mal a ser arrancado. Hoje é um bem a ser cultuado. Quem não leu as declarações do coordenador do GMUH sobre pregadores bêbados e cachês exagerados? Qual grande pastor já não foi achacado por um grupo, cantor ou pregador, para abrir espaço em sua Igreja em troca de grande soma de dinheiro? E quantos não cederam à tentação? Aqueles suados dízimos e ofertas que poderiam ser gastos em ação social, reforma e construção de congregações são desviados para engordar o caixa de pregadores e cantores inescrupulosos. Que diferença de Filipe pregando ao desconhecido e solitário eunuco (Atos 8:27)!?

Poder e milagres

Havia poder na Igreja em Atos. Milagres, prodígios e grandes maravilhas eram operados pelos apóstolos, a ponto de ser crer que somente a sombra de Pedro podia curar alguém sob o poder de Deus. Hoje damos de ombros diante da necessidade das pessoas. Há, de fato, necessidade de curas e outros milagres entre nós, mas a apatia espiritual é gritante. Pastores abrem mão da Bíblia diante de filmes, do Facebook, do lazer e das novelas. Tudo é motivo para NÃO estar na Igreja. Nos abandonamos à ausência de poder.

Recebo muitas pessoas fazendo queixas de outras. Outras fazendo queixa de Deus. Nunca encontrei ninguém que me comunicasse: Pastor, entrei num caminho de jejum e oração até que Deus use minhas mãos para curar ou que eu pregue mais efetivamente e coisas do gênero.

Outra história mal contada sobre homofobia...

Já denunciamos aqui a fraude que é a estatística do blog mantido pelo lobby gay para justificar os números que brandem no noticiário. Vejam mais um caso. Um jovem foi violentamente morto em Goiás no dia 10/09. Era gay e até a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República enviou uma nota para que a investigação fosse célere. O UOL ventilou uma farsa de que fora encontrado um bilhete e depois se retratou dizendo que a história era infundada.

Hoje o UOL noticia que a Polícia prendeu um suspeito e pode ter desvendado o crime. Um lavrador de 20 anos teve um caso com a vítima e depois se desentenderam. A militância não se deu por vencida. No site continua a história do bilhete e a convocação para protestos, etc.


Queremos ressaltar que este blog defende a apuração de TODOS os crimes contra qualquer pessoa, não apenas contra aqueles de determinados grupos.

Por oportuno, fui dando uma olhada nos casos e veja só os que encontramos apenas na primeira página. São estatísticas assim que inflam os números oficiais e prendem a atenção de nossos governantes. E até de alguns candidatos...:


Esta prática não é nova, não sabemos como ainda persiste.

Leia mais aqui e aqui.

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Leia Atos conosco!

Estamos lendo e estudando o Livro de Atos dos Apóstolos. É um esforço para o aprofundamento bíblico e leitura. Paralelamente, estamos fazendo perguntas na Doutrina e na EBD. O ranking será atualizado quintas e segundas. A prioridade é para nossos irmãos, mas nada impede que qualquer outra pessoa participe.

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Debate no SBT


Assisti ao debate no SBT, quero formar minha opinião. O formato foi um pouco melhor que o da Band, mas o tempo continua curto. O horário de início não beneficiou aqueles que estão em trânsito. Os candidatos, como seria de esperar, partiram pra cima de Marina. Aécio dividiu a artilharia entre as duas primeiras colocadas. Luciana Genro com seu ar de Kenny G feminista e Eduardo Jorge sempre roubam a cena falando coisa com coisa. O jornalista Kennedy Alencar levou a pior com o candidato Levy Fidelix, o Catatau. E o pastor Everaldo mostrou-se mais uma vez despreparado para um cargo de tão grande envergadura.

Focando nos três mais bem colocados temos mais do mesmo. Dilma tenta ensinar a lição de casa, mas não convence mais ninguém. Joga números ao vento que se esmiuçados a fariam encerrar prematuramente a conversa. Aécio enfoca bem as questões, mas o debate é de outra natureza. Ele fica com cara de substituto educado de animador de festa infantil. E Marina é sonhática. Sonha, sonha e não diz muita coisa. É Dilma em sua versão mais ortográfica. Destaque para o momento em que usando elementos da velha política quis justificar sua nova. Um show às avessas.

Os verdadeiros problemas ficaram para depois. Os próprios jornalistas se limitaram a questiúnculas pessoais. Debate de mesa de bar. Nota-se que o SBT teve pouca culpa. É que no Brasil nessas horas o que interessa é o que não interessa, se me entendem.

Resumo da ópera: estamos perdidos.

Leio no Lauro Jardim: Assim como no debate da Band na semana passada (leia mais aqui ), o debate entre os candidatos a presidente que começou há 40 minutos não é exatamente um sucesso de público.
Aos números: de acordo com números prévios do Ibope para a Grande São Paulo,  o SBT registra uma média de quatro pontos. (O normal da emissora o horário  é 50% mais alto).  Dessa forma, a rede de Silvio Santos obtém o terceiro lugar entre as TVs abertas. A Globo lidera com treze pontos e a Record crava oito pontos.
(Atualização, às 19h36. O resultado final da audiência foi: SBT, cinco pontos; Globo,14,6 pontos. Record, oito pontos; e Band,, 3,6 pontos)
Ou seja, quem decide a eleição está vendo novela!