Há bons meses estivemos estudando com nossos irmãos esta carta maravilhosa. Compartilho alguns tópicos.
Foco
histórico-geográfico
Filipos foi uma cidade importante do Império Romano, considerada uma
porta de entrada da Europa em relação aos visitantes provenientes da Ásia.
Localizada no Leste da antiga província da Macedônia, a 13 quilômetros do mar
Egeu, no topo de uma colina. Abaixo dela estavam o rio Gangites e a estrada
militar Ignatia, que ligava a Europa e a Ásia.
Sua origem remonta aos trácios, povo conquistado em 358 a.C. pelo rei
Filipe da Macedônia, pai de Alexandre, o Grande. A cidade recebeu esse nome em
homenagem ao seu conquistador. Em 108 a.C. passou ao controle romano. Em 42
a.C., foi palco da batalha de Marco Antônio e Otávio Augusto, que buscavam
vingar a morte de Júlio César, contra Brutus e Cássio. Nove anos mais tarde,
Otávio, futuro Augusto, venceu Marco Antônio e Cleópatra.
Os veteranos dessas batalhas instalaram-se em Filipos, e a cidade acabou
ganhando status de colônia romana e o Ius Italicum, o que a tornava uma réplica
menor de Roma. Seus cidadãos tinham cidadania romana e possuíam inclusive
direitos de propriedade equivalentes aos de uma terra em solo italiano. Os
oficiais políticos eram descendentes dos soldados romanos, o que reforçava
ainda mais o caráter latino da cidade, refletindo também seu pensamento e
religião. Eram freqüentes os cultos às divindades romanas, como Júpiter, Juno e
Marte, e aos antigos deuses italianos. As divindades gregas não tinham muito
destaque. Persistia, porém, adoração aos deuses trácios.
Foi a primeira cidade da Europa que ouviu a pregação de um missionário
cristão (At 16.6-40). É a cidade de Lídia, a vendedora de púrpura, embora não
saibamos por que sendo de Tiatira, estava ali (quem sabe por ser vendedora?).
Foi lá que Paulo expulsou o demônio de uma jovem, que caminhava elogiando a
religiosidade do apóstolo. Tal fato culminou com sua prisão. De onde foram
salvos à meia-noite por um anjo. Lá o carcereiro procurou se matar, mas foi
dissuadido pelo apóstolo.
Para complementar esta introdução, leiamos o que diz Barclay sobre a
estratégia de Paulo para a pregação em Filipos:
Quando Paulo
escolhia um lugar para a pregação do Evangelho o fazia sempre com o olho do
estrategista. Não só escolhia um centro importante em si, mas também cuidava
para que fosse um ponto chave para toda uma região. Advertiu-se com freqüência
que muitos dos lugares escolhidos naquela época por Paulo para a pregação são
ainda grandes nós de caminhos e pontos de junção ferroviária. Tal era Filipos.
Filipos possuía preeminência ao menos por três razões:
1. Nos
arredores existiam minas de ouro e prata exploradas da antiga época dos
fenícios. Ainda que em tempos do Cristianismo estas minas estavam já exaustas,
entretanto tinham feito de Filipos o grande centro comercial do mundo antigo;
2. A cidade
tinha sido fundada por Filipe, o pai de Alexandre Magno. Por isso leva seu
nome. Filipos foi fundada num lugar chamado Krenides, nome que significa
"Os Poços" ou "As Fontes". Krenides era uma cidade muito
antiga. Filipe fundou a cidade que leva seu nome por uma razão muito
particular. Em toda a Europa não existia um lugar mais estratégico. Há aqui uma
cadeia montanhosa que divide a Europa da Ásia, o Oriente do Ocidente.
Justamente em Filipos esta cadeia desce formando um passo; portanto Filipos
domina a rota da Ásia a Europa que necessariamente deve atravessar esse passo.
Por este motivo em 368 A. C. Filipe fundou a cidade que leva seu nome, para
dominar a rota do Oriente ao Ocidente. Também por esta razão, muito mais tarde
uma das grandes batalha decisivas da história se travou em Filipos; porque ali
foi onde Antônio derrotou a Bruto e Casio decidindo assim o futuro do Império
romano;
3. Pouco tempo
depois, Filipos alcançou a dignidade de colônia romana. Estas colônias eram
instituições admiráveis. Não eram colônias no sentido de avançadas da
civilização em regiões inexploradas do mundo. As colônias começaram a ter
importância militar. Roma tinha o costume de enviar grupos de soldados
veteranos que tinham completo seu período e castigo à cidadania; estes eram
levados a centros estratégicos de caminhos. Ordinariamente os grupos constavam
de trezentos veteranos, com suas mulheres e filhos. Estas colônias eram os
pontos focais dos caminhos do grande Império. Os caminhos tinham sido traçados
de tal maneira que podiam ser enviados reforços com toda rapidez de uma colônia
a outra, as quais se estabeleciam para proteger a paz e dominar os centros
estratégicos mais afastados do vasto Império romano. Em princípio só existiam
na Itália; mas logo se disseminaram através de todo o Império que crescia rapidamente.
Vemos porque a primeira importância das colônias foi militar; mais tarde o
governo romano dava o título de colônia a toda cidade que queria honrar ou
recompensar por seu fiel serviço.
Estas
colônias tinham uma grande característica própria. Onde quer que existiam,
construíam pequenos fragmentos de Roma, e a nota dominante era o orgulho de sua
cidadania romana. Falava-se o idioma de Roma; usavam-se vestimentas romanas;
observavam-se costumes romanos; seus magistrados tinham títulos romanos e observavam
as mesmas cerimônias que em Roma. Onde quer que estivessem, as colônias eram
obrigada e inalteravelmente romanas. Jamais se imaginaria assimilarem o povo em
que viviam. Eram parte de Roma, miniaturas da cidade de Roma, e não o esqueciam
jamais. Podemos perceber o orgulho romano através da acusação contra Paulo e
Silas em Atos 16:20-21: “Estes homens, sendo judeus, perturbam a nossa cidade,
propagando costumes que não podemos receber, nem praticar, porque somos
romanos”. “A nossa pátria está nos céus”, escrevia Paulo à Igreja filipense
(3:20). Assim como o romano da colônia não se esquecia nunca qualquer que fosse
o meio em que se encontrasse, de que era romano, tampouco eles têm que
esquecer, em nenhuma sociedade, que são cristãos. Em nenhuma parte se vivia
mais o orgulho de ser cidadão romano que nestas colônias. Uma colônia deste
tipo era Filipos.
A leitura do capítulo 16 de Atos, nos informa que a intenção de Paulo
fora frustrada pelo Espírito Santo. Por volta do ano 52, ele ia para Bitínia, em
sua segunda viagem missionária, quando em sonho foi orientado a ir para a
Macedônia. Olhando o mapa, no início, você verá que são destinos opostos. Seu
trajeto incluía Trôade, na Ásia Menor, o porto de Neápolis, na Europa e daí
Filipos. Vemos como o evangelho havia se tornado universal, pois Paulo ia de um
continente ao outro, com os parcos recursos que possuía. O próprio capítulo 16
mostra isso, pois Lídia era uma vendedora asiática
de uma das mercadorias mais caras de então, a púrpura, a endemoninhada escrava
usada para dar lucro com suas adivinhações era grega, e o carcereiro era romano.
Cada um representava uma das classes sociais, não obstante todos terem sido
tocados pelo evangelho. Não por acaso, quando os judeus se encontravam e se
saudavam, diziam: Paz, quando os romanos escreviam cartas, iniciavam com:
Graça, Paulo ao escrever aos filipenses inicia com: Graça e paz...
Paulo chegou a Filipos e logo foi
preso, por conta do episódio da moça que adivinhava. Mas foi solto
milagrosamente e seguiu para Tessalônica. Entretanto, durante seu ministério
foi a igreja de Filipos a ajudá-lo financeiramente. Aliás, Paulo se orgulha de
não haver dependido de nenhuma outra.
Introdução 1.1-11
Salvação 1.1-2
Ação de graças 1.3-8
Oração 1.9-11
I. Circunstância da prisão de
Paulo 1.12-26
Avançaram o evangelho 1.12-18
Garantiram a bênçãos 1.19-21
Criaram um dilema para Paulo 1.22-26
II. Exortações 1.27-2.18
Vida digna do evangelho 1.27-2.4
Reproduzir a mente de Cristo 2.5-11
Cultivar a vida espiritual 2.12-13
Cessar com murmúrios e questionamentos 2.14-18
III. Recomendações e planos para
os companheiros de Paulo 2.19-30
Timóteo 2.19-24
Epafrodito 2.25-30
IV. Advertências contra o erro
3.1-21
Contra os judaizantes 3.1-6
Contra o sensualismo 3.17-21
Conclusão 4.1-23
Apelos finais 4.1-9
Reconhecimento das dádivas dos filipenses 4.10-20
Saudações 4.21-22
Bênção 4.23
Fonte: Bíblia de Estudo Plenitude
Palavras-chave
Alegria
Alegria na oração (Fp 1:4). Paulo se
regozijava não apenas de relembrar os filipenses em suas orações, como nelas
orar por eles. Entendem? Não apenas tinha alegria por orar, e a consciência da
importância deste ato para o bem dos filipenses, como relembrar cada um daqueles
que delas precisavam. Barclay conta que George Reindrop em seu livro No Common Task (Uma tarefa incomum),
fala de uma enfermeira ensinou a orar a um doente e ao fazê-lo mudou todo o
esquema de sua vida fazendo de uma criatura torpe, desgostada e desanimada um
homem cheio de alegria. As mãos da enfermeira lhe serviam para trabalhar, mas
também lhe serviam como esquema de oração. Cada um de seus dedos representava a
alguém. O polegar, que estava mais próximo, a ela lembrava que devia orar pelas
pessoas mais próximas, íntimas e queridas. O índice que se usa para assinalar
representava os que nos ensinam e nos assinalam quando nos interrogam. Portanto
o índice lembrava a todos seus professores da escola e o hospital. O dedo do
meio que é o mais alto representava a todas as pessoas destacadas em todas as
esferas da vida e em todos os partidos. O anular que é o dedo mais fraco, como
sabe todo pianista, representava aos fracos, afligidos e angustiados. O
mindinho é o dedo mais pequeno e menos importante: a enfermeira via-se
representada nele.
Alegria de saber que Jesus está sendo pregado (Fp 1:18). Certamente
a maior alegria do cristão verdadeiro é distribuir as boas novas do Evangelho.
O próprio Jesus enfatizou: De graça recebestes, de graça dai (Mt 10:8). Não
podemos fazê-lo constrangidos, mas de bom grado. Esta epístola foi escrita na
prisão, mas Paulo não estava preocupado com esta circunstância, trabalhando
incansavelmente para anunciar a Jesus (Fp 1:13).
Alegria da fé (Fp 1:25). Alegria por ter encontrado
a Cristo, a felicidade maior. Estar alegre na fé é manter uma atitude firme e
destemida diante dos desafios da vida. É a alegria de andar com Ele e como Ele
andou.
Alegria na comunhão (Fp 2:2). O salmista
exclama: Oh! Quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união (Sl 133). É a
união a mais bela expressão da igreja (Sl 122:1). Não são os hinos bem
ensaiados, nem os jograis bem recitados, nem os versículos bem citados, muito
menos um bem adornado templo ou programa televisivo. A maior alegria de Deus é
ver seus filhos unidos.
Alegria no sofrimento (Fp 2:17).
Policarpo, bispo de Esmirna, que foi martirizado em 155 d.C. e antes disso
havia endereçado uma carta aos filipenses, disse antes de ser queimado vivo:
Dou-te graças, Pai, porque me julgaste digno desta hora!
Quando o procônsul romano, Antonino Pio, e as autoridades civis o instaram a
renunciar a fé, afirmou: Há oitenta e seis anos sirvo a Cristo e nenhum mal
tenho recebido Dele. Como poderei negar Aquele a quem prestei culto e rejeitar
o meu Salvador?
Continua...
Bibliografia
TOGNINI, Enéas. Geografia das Terras Bíblicas. Campo Grande: Imprensa da
Fé, 1980.
STAMBAUGH, John E. & BALCH, David L. O Novo Testamento em seu
ambiente social. São Paulo: Paulus, 1996.
BARCLAY, William. Comentário no Novo Testamento. Filipenses.