segunda-feira, 1 de outubro de 2012

O que os políticos evangélicos deveriam estar fazendo...

Alguns anônimos e outros nem tanto ficaram revoltados quando cobrei ações diretas de nossos políticos, pois teriam sido eleitos para defender a Igreja. É o que eles dizem quando vão pedir nossos votos... Via de regra, ferem o princípio da isonomia (manda um irmãozinho qualquer no exercício do seu livre direito democrático de se candidatar pedir um espaço...), enganam, engodam, jogam para a platéia, nepotizam os gabinetes e não fazem nada! Dias atrás fiz algo que os políticos evangélicos deveriam ter feito. Mas vamos a um pouco de história. Dia 04/09, uma entidade católica, de nome Fórum Permanente Pró Vida Pernambuco, lançou uma campanha no jornal Folha de Pernambuco. Nela rechaçava a propaganda oficial que inclui o Recife no roteiro friendly, ou seja, como destino gay. A imagem está abaixo:


Foi um escarcéu. Nas redes sociais, na mídia. Os militantes da causa gay movimentaram as engrenagens. É do jogo. O que me chamou a atenção é que Maria do Rosário, Secretária de Direitos Humanos, com status de ministra de Estado, lançou uma nota de repúdio. Lá pelo quarto item, ela pontuou:
4 – Em relatório sobre violências homofóbicas no Brasil, divulgado recentemente por esta SDH/PR, constatamos que o Brasil apresentou 278 homicídios de LGBT no ano de 2011. Um número extremamente preocupante. Neste contexto, o estado de Pernambuco figura em sexto lugar entre os estados brasileiros com maior número de homicídios de caráter homofóbico;
Me abespinhei. Aonde ela arrumou o número? Tantos gays mortos e eu não sabia!? Algo está errado. Protocolei um pedido de informação, no dia 07/09/2012, junto ao Sistema Eletrônico de Informações, baseado na nova Lei de Informação ao Cidadão. Meu texto finalizava assim:
Gostaria de saber sobre quais documentos a SEDH se baseou para fazer a afirmativa? Nas conclusões dos inquéritos da Secretaria de Defesa Social de Pernambuco? Há uma lista de vítimas? Como ter acesso à mesma?
Hoje recebo a resposta (grifo meu):
A Coordenação Geral de Promoção dos Direitos LGBT da SNPDDH/SDH informa que o Relatório sobre Violência Homofóbica (http://portal.sdh.gov.br/clientes/sedh/sedh/brasilsem/relatorio-sobre-violencia-homofobica-no-brasil-o-ano-de-2011) responde a todas as questões levantadas. Além disso, informa que não há lista de vítimas.
Isso! Não há lista de vítimas! MAS, como pode eles soltarem o número ao vento? Uma ministra de Estado faz uma afirmação por escrito que não pode ser confirmada!? Eu sugiro inverossímil!? Agora os políticos tão preocupados com o PL 122/2006, com as perseguições nos fóruns gays, etc e tal, deveriam fazer o quê? Digam vocês meus dez leitores.

Tem mais. Leiam o link apresentado. Baixem o denso relatório. Em várias páginas e conclusões seus produtores se surpreendem com a falta de informação!? A partir da página 50 vem o que embasou o número: as informações coletadas pelas associações gays e, em parte, obtidas via Internet. Já noticiamos aqui como descaradamente determinadas páginas mentem sobre isso (vide arquivo). As pessoas que confeccionaram o relatório chegam a pontuar no ano de 2011 o seguinte:

Ao se investigar a distribuição de notícias relacionadas a violências
homofóbicas, de acordo com o gráfico 5.1, percebe-se um pico de notícias em
fevereiro, especialmente no carnaval (com 22,8% do total de notícias). Outubro
vem em segundo lugar, com 9,6% , o que pode se relacionar com o processo de
conferências de políticas públicas e direitos humanos de LGBT nos âmbitos
municipais e estaduais.

Como? Em outubro se agride mais gays em virtude da realização de tais conferências? E ainda registram que o estudo foi produzido por especialistas!? Como a mídia come essa conversa?

Na página 60 do relatório, há um gráfico, reproduzido abaixo:


Somando aqueles 22,7% dos amigos + 16,8% dos companheiros + 12,6% dos clientes + 5% dos amantes eventuais e + 2,5 dos namorados, temos a incrível soma de 59,6%. Ou seja, a maioria esmagadora dos atentados ocorre no grupo ao qual o gay pertence, desfazendo totalmente o mito homofóbico.

Mas nossos políticos estão ocupados... Depois do dia 07, quem sabe...

2 comentários:

Assembleiano disse...

Não fiquei revoltado por você cobrar ações diretas de nossos políticos. Fico admirado de suas palavras descabidas contra as lideranças da Igreja, acusações contra pastores de maneira generalizada, sem critérios, desrespeitando o grupo de ministros do qual fazes parte. Isso me parece infidelidade, falta de ética. Suas críticas deveriam ser mais inteligentes, deveriam preservar as pessoas de boas intenções. Nem todos são malandros, "espertos", ladrões. Se todos são, também és.

daladier.blogspot.com disse...

Prezado "Assembleiano" ler é um excelente exercício, entender é uma arte. Não generalizo nas críticas. A carapuça cai onde lhe cabe. O que é uma crítica inteligente para você e para muitos outros que retrucam por e-mail? É aquele arrazoado que não vai direto ao ponto. Não tenho problema em falar direto ao ponto. Essa é a questão.

Tomemos, para não perder tempo, este último post. Que ações concretas nossos políticos fizeram ou farão a respeito de Maria do Rosário e sua atitude irresponsável? Não fizeram, nem farão nada, pelo simples fato de que não são políticos atentos às verdadeiras necessidades, mas a agradar quem lhes deu o mandato e mantém a massa cativa de seus discursos.

Infelizmente, é assim... Quando mudar eu noticio.