O estopim foram as brigas internas. Guerra por poder e controle, problemas financeiros mal esclarecidos, ganância por cargos, denúncias televisivas (feitas por um vice que renunciou ao cargo) e nepotismo reduziram a fragmentos a estrutura idealizada por Samuel Nystron, Cícero Canuto de Lima, Paulo Leivas Macalão, José Menezes, Nels Julius Nelson, Francisco Pereira do Nascimento, José Teixeira Rego, Orlando Spencer Boyer, Bruno Skolimowski, José Bezerra da Silva e outros. Disputas nos Estados puseram mais lenha na fogueira nos últimos anos e as cisões revelaram astúcia, ganância, pragmatismo e oportunismo.
Um dos alvos das maiores disputas era o polpudo orçamento da editora CPAD, que segue funcionando normalmente. Aliás, não obstante uma razoável reserva de mercado dentro das Assembleias de Deus brasileira, a editora procurou ampliar seu portfólio e aprimorar seus quadros. Mesmo quando às voltas com um presidente indicado pela presidência da Convenção. Uma atitude vista como nepotista por vários líderes. Mas, até mesmo a CPAD não cumpriu uma resolução da CGADB, no episódio que envolveu a Bíblia Dake. Numa clara demonstração de falta de autoridade, a editora ensurdeceu e não retirou, senão quando quis, a Bíblia cheia de contradições e erros doutrinários.
O último presidente, José Wellington Bezerra da Costa, acossado pelos pastores Samuel Câmara e Silas Malafaia (este último se dizia fora da Convenção, mas atuava nos bastidores junto aos irmãos Câmara, no Amazonas e Pará, fomentando amizades e alianças) não teve outra alternativa a não ser capitular.
Somaram-se a estes problemas intestinos a absoluta incapacidade de dar respostas às necessidades mais comezinhas atravessadas pela denominação no Brasil. Ataques na imprensa nunca foram revidados adequadamente. O Setor de Comunicações tartamudeava entre lamentos e dar de ombros enquanto os membros eram criticados e se resignavam. A Convenção, quando chamada, quase nunca assumia seu papel de representante maior. Foi assim quando o STF debateu o aborto de anencéfalos e o casamento homossexual. Atendendo a uma estranha praxe a CGADB não compareceu.
Um pouco de história
A CGADB nasceu como uma entidade fraternal, cuja intenção maior era unir os projetos assembleianos, servindo de elo estratégico da denominação em terras tupiniquins. Mas pouco de fraterno acontecia nas últimas AGOs (Assembleias Gerais Ordinárias) e AGEs (Assembleias Gerais Extraordinárias). Presidentes de Convenção num mesmo Estado não sentavam lado a lado, nem frequentavam a igreja um do outro, muito menos se cumprimentavam. A estrutura organizacional estava desfigurada e sem poder, sendo mero cargo de fantoche. A ponto de um secretário não poder visitar as igrejas de sua própria denominação dentro do Estado aonde atuava, e um conselheiro de Educação não poder promover um evento nelas. Um dos candidatos ao cargo de presidente promoveu uma balbúrdia tal que um AGE teve de ser cancelada. A disputa pelo cargo maior apequenou as demais necessidades.
Por outro lado, a Convenção que, estatutariamente, teria poderes para combater heresias, se viu forçada a tolerar movimentos capitaneados por presidentes de campo, distorcidos da Palavra de Deus, como o G12. Um Estado inteiro aderiu ao movimento e ninguém foi punido. Ao menos dois Estados criaram sua própria editora e lançaram Lições Bíblicas. Enfraquecida, seguia a reboque. Nenhum presidente abria a caixa preta da administração para os membros das Convenções. E aonde regiam com mão de ferro, o presidente não contrariava nenhuma decisão. Se limitando aos salamaleques nas EBOs (Escolas Bíblicas de Obreiros) e cultos públicos como aniversários e congressos.
A política partidária carcomeu o restante. Presidentes de campo passaram a se candidatar, sem se licenciar de seus cargos. O Conselho Político passou a comportar um político, contrariando o próprio estatuto em seu artigo 71, parágrafo 2º. Indicações pastorais de fachada incharam as listas de registro. Quem queria se candidatar, consagrava e inscrevia o maior número de ministros possíveis. Desmandos financeiros deram o tom negativo final. Cheques sem fundo, débitos envolvendo diretamente o nome da Convenção, bradados em cadeia televisiva, puseram as últimas pás de cal.
E agora?
Esta é a pergunta que boa parte da membresia faz neste momento confuso. Uns acham que não pode piorar, afinal, já não havia efetiva atuação da Convenção em suas igrejas. Ou seja, cada um se virava como podia. Outros temem por problemas que se agravem. Como as desuniões estaduais, a utilização da marca em igrejas de fundo de quintal, o aprofundamento dos desvios teológicos. Há incertezas sobre o destino do Mensageiro da Paz, um informativo mensal que circula em todo País. Este mesmo periódico era incisivo contra determinados desvios, fazendo vista grossa para os desmandos mais pesados. E há a CPAD, a galinha dos ovos de ouro. Com sua competência alguns creem que sairá da reserva de mercado fortalecida. Há outros, enfim, que estão aliviados. Ao menos não haverão eleições nacionais para o cargo de presidente. Ninguém vai precisar brigar no plano nacional. Nos Estados é cada um por si e Deus por todos. Como já se anda há muitos anos...
E pensar que esta é, hoje, a maior denominação do Brasil? Com milhões de membros e simpatizantes.
Ps.: Esta é uma notícia fictícia! Mas podia ser verdade... O que é pior: morrer e ser enterrado ou morrer e ficar vivo como um fantasma?
14 comentários:
Uma boa ideia seria se houvesse eleições de 4 em 4 anos para a presidência da CGADB. Sem direito a reeleição...
Será uma boa ideia?
Com tantas artimanhas eleitoreiras e sede de poder sei não...sempre haverá uma brecha para alguns gulosos!
Parabéns pela criatividade e fica com Deus(vai precisar mais, depois de mexer na caixa de maribondos desse jeito)! rsrs
Prezado Sergiano, a regra tinha de estar em Estatuto. Ninguém quer aprovar nada semelhante. Agora mesmo o Pr. José Wellington, que jurava de pés juntos que não concorreria, já está inscrito para a nova eleição.
Quanto à proposta da Terceira Via? Teremos a participação agora na nova eleição?
O que posso fazer para ajudar?
O PRESIDENTE DA COPA!!!
A coisa tá séria!
Estão ordenando obreiros com poder de voto por ATACADO Brasil afora, revelando assim, o cheiro da CARNALIDADE, da FALTA DE TEMOR A DEUS e RESPEITO AO POVO ASSEMBLEIANO!!!
Caso a coisa continue a descambar para a carnalidade, veremos de verdade a manchete no MP, que quem sabe lá na frente se chame MENSAGEIRO DO PODEROSO!!!
LAMENTÁVEL!!!
Caro Deladier Lima,
A paz amado!
Muito interessante. Quase acreditei.
É incrível o reinado posto e sobreposto quase "Hulkeriano".
Falta bom senso e lógica viável de crédito. Claro que é um senhorio magestoso e interessante querer-se perpertuar neste cargo com a vitalicidade que envergonha a qualquer presidente dos EUA, com os seu máximo direito de apenas uma reeleição.
Por quê a necessidade de se manter este reinado que interfere na correta posição de crer que o SEnhor é realmente o responsável por sua igreja?
Pensar professor!
O Senhor seja contigo,
O menor dos teus irmãos.
Prezado Sergiano, a Terceira Via está em suspenso. O Pr. Geremias do Couto, que capitaneou a iniciativa, tem se esquivado de comentar sobre o assunto.
Irmão Márcio Cruz, o senhor deve saber muito mais do que a maioria de nós. É hora de orar e chorar.
Prezado Pr. Newton, viu como há problemas muito maiores do que o Ministério Feminino!? Quando eu digo, ninguém acredita... Veja se a turminha "CPAD" dá um pio. Procure nos blogs deles...
S. Mt 12;25 Jesus, porém, conhecendo-lhes os pensamentos, disse-lhes: Todo reino dividido contra si mesmo é devastado; e toda cidade, ou casa, dividida contra si mesma não subsistirá.
Acreditemos nesta PALAVRA...
R.R.Souza
Daladier, a paz!
A CGADB, de fato, está morta. A ficção que é uma parábola da realidade.
Dalardier.
Segundo as Escrituras, ser pastor evangélico é uma condição de vocação.
Mas, infelizmente, ultimamente, dar o título de pastor para obreiros assembleianos - cujos pastores são vinculados com a Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil - não significa que o mesmo seja vocacionado.
O que acontece? Em muitos casos o pastorado é tratado igual à profissão secular e semelhante a "ferramenta política". Existe gente fracassada profissionalmente, e por ter boas relações com a liderança, esta lhe dá o posto para sobreviver com salário pastoral.
Tem muito advogado, arquiteto, economista, frustrado vivendo de dízimos e ofertas. Não deu certo na profissão secular, virou "pastor".
Muitos são filhos, sobrinhos, primos, cunhados da liderança. Ou existe aquele laço de "amigo do amigo do rei".
No fundo, a razão é a seguinte: Os cargos pastorais são dados visando manipulação eleitoral. É transformado em pastor pessoas que se prestam a votar em chapas (partidos) de X ou Y, candidatos à cadeira de presidente da CGADB. Caso um irmão tenha a vocação, mas sua linha de pensamento quanto à política eclesiástica seja diferente, dificilmente seu ministério será reconhecido oficialmente.
Quem deplora esta situação, afasta-se fisicamente da CGADB. Ou vive à parte, como se ela não existe.
Graças a Deus que essa politica da CGADB nunca foi uma situação generalizante. São muitos que se afastam de tudo isso. O afastamento é profundo, a tal ponto que nem se lembram dos nomes do presidente da CGADB e pretendente ao posto de presidente.
Abraço.
E.A.G.
Caro Daladier,
A Paz!
Gostei do artigo, muito próprio de sua consciência crítica-profética.
Parabéns pelo texto ficcional, mas como disse o Gutierres, muito próximo da realidade atual da Convenção e dos convencionais. Será que se enquadraria aqui aquele texto de Hebreus: "aquilo que envelheceu perto está de morrer"? (tradução livre)
Forte Abraço.
No Amor de Cristo!
Muito bom esse post.É uma triste Realidade.E, sinceramente, não vejo perspectivas de mudança, mesmo por que, a maioria dos convencionais está interessado em "mamar na teta" seja de um candidato ou do outro.Pr. Daladier, não se assuste se em breve o senhor ver uma igreja "Assembleia de Deus'' FILIADA A CGADB, pregando baseada no Livro de Mórmom.Absurdo?Coisas bem piores já estão acontecendo...
Excelente texto que sintetiza muito bem o atual cenário da AD no Brasil. Percebe-se com tristeza, que essa ficção, talvez em breve se torne realidade total.
Abraço!
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