Pedro Novaes, crente sincero. Exu, interior pernambucano, era sua morada. Casa, trabalho, igreja, pouco lazer, era assim sua rotina interiorana. Assembleiano típico, presbítero. No último domingo, na igreja, recebera um pequeno papel do tamanho de um cartão de visitas, das mãos de um dos diáconos. Quedou-se, hirto, enrijecido. Seu companheiro, João Jacinto, percebe e pergunta:
- O que há?
Novaes entrega o papel. João joga os olhos sobre o que está escrito. Dentre outras informações, um nome: Manoel Ferraz. O presbítero franziu a testa. Sinal de perigo. As duas famílias tinham rixas históricas no Estado. Mortos e feridos de ambos os lados. Padre, juiz, promotor, advogado, todos tinham tentado com algum sucesso acabar as hostilidades.
- Deixa disso - disse João - não podemos levar adiante tais problemas, somos crentes.
- Mas você não vê? - retrucou, rispidamente Novaes.
- Claro que vejo, mas o que é um nome? De repente não é nem da família, é só um sobrenome - relativizou João.
- Que nada, eu conheço essa gente de longe - replicou, reticente, Novaes.
- Você é que sabe, quer ficar carregando essa rixa familiar pra sempre? - devolveu João.
- Que rixa familiar, meu irmão? - perguntou Novaes, impaciente.
- E não é esse o problema? - indagou João.
- Claro que não, olha a logomarca no cartão, João! Ele não é da nossa Convenção! - Bradou Novaes.
- Ah! Eu nem tinha notado... Então, vamos fechar a cara e nem apresentar!
Termina o culto, Manoel Ferraz se aproxima. João Jacinto se acerca de Novaes, esperando algum problema:
- Paz do Senhor, Nelzinho (era o apelido de criança de Novaes)!
- Hummm....
- Que prazer te ver. Olha, não tem problema você não poder apresentar. Sei como funciona as coisas por aqui. Só quero meu cartão de volta.
- Ah! Está aqui, tome - diz entregando o cartão.
- Você sabe como eram nossos problemas familiares, graças a Deus superamos. Não podíamos ficar naquela briga eternamente. Agora que somos salvos é que não podíamos viver naquela situação.
- É verdade - retrucou Novaes.
- Sabe de uma coisa? Estou numa campanha de jejum e oração para que esta situação de agora, esse entrevero entre nossas Convenções, se resolva. Deus é poderoso para resolver, não é?
- Hummm.... Pode ser...
- Bem, vou indo, fica na paz!
- Amém.
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3 comentários:
Muito bom, Daladier!
As ADs agora usam as convenções para ignorar solenemente o mandamento do amor. E nós, que acusávamos a Igreja Romana de usar a tradição quando queria violar as Escrituras!
Vou guardar o link para futura recomendação em meu blog.
É, meu irmão Judson, triste retrato dos nossos dias.
Meus parabéns amado e irmão em Cristo Jesus, gostei do debate valeu mesmo eles mereciam ouvir a verdade, que Deus te abençoe amado irmão Daladier, paz em Cristo Jesus...
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